quinta-feira, 6 de março de 2008

Capítulo 5: Dara, A Primeira Paixão

Quissamanduca era uma cidade pequena e de população reduzida. Das poucas meninas que lá viviam, pouquíssimas eram apreciáveis. A irmã do Pedro era até bonitinha, mas era difícil encarar o buço que ela fazia questão de deixar impecável. Além do mais, Hitler (era assim como nós a chamávamos) tinha namorado, o filho do coronel Cipriano, o maior fazendeiro da região. O velho era mal, pegava um, pegava geral. Dizem até que ele matou a sogra a enxadadas só porque a pobre senhora errou na dose e colocou uma colher a menos de sal na comida.

As opções femininas, portanto, eram poucas. Duduzinho Pirata, que além de não enxergar com um dos olhos era míope do outro, era o único que de vez em quando arrumava alguma coisa. Mas, como a visão não era propriamente um sentido confiável, virava e mexia aparecia com alguma aberração.

Sendo assim, tínhamos que encontrar na criatividade a aliada para nossa iniciação sexual. Ah, já ia me esquecendo, a cidade tinha uma moça da vida, a Soledade, que deve ter chegado a Quissa nos anos 20, antes de Cristo. Ou seja, não havia opção.

O tempo foi passando e a secura aumentando. Até que um dia, caminhando pela estrada, avistei uma coisinha muito linda e jeitosa. Ela estava sozinha, e parecia perdida. Ao me deparar com aquele serzinho indefeso, me apaixonei no ato. Na hora, nem me preocupei como meus pais iriam reagir quando me vissem chegar em casa com uma cabra.

Os primeiros dias de namoro com Dara (resolvi dar esse nome à cabrinha em homenagem ao Cigano Igor, ídolo de toda uma geração, que era apaixonado por uma cigana chamada Dara) foram de muito romance, mas poucos contatos íntimos. Até que o amor falou mais alto e permitiu o grande momento da consumação. O desejo era forte, de ambos os lados. A noite estava linda, ensolarada, e escolhi um lugar bem romântico e aconchegante para despejar todo o meu vigor juvenil sobre Dara, que me olhava com aquele olhar pidão, sedenta de luxúria. Fomos para trás de uma moita, muito utilizada em alguns momentos de aperto (às vezes, eu tinha uma crise intestinal que era tiro e, literalmente, queda). Foram horas de loucura e, impregnado com o perfume da minha amada, retornei mais apaixonado do que nunca para o meu lar.

Nossa relação, sempre alicerçada por muito diálogo, parecia eterna. Mas um dia (sempre que me lembro dá vontade de chorar) ao acordar, virei-me para acarinhar minha amada e ela não estava a meu lado. Meu coração bateu mais forte, e pressenti que algo terrível teria acontecido. E, para meu desespero, meus sentimentos estavam corretos. Dara havia me deixado, sem sequer deixar um bilhete. A dor foi ainda mais aguda quando, uma semana depois, eu a vi, num amasso indecente com Ludovico, o jegue de Floriano Milhar, único bicheiro de Quissamanduca. E, desta forma, me sentindo traído e humilhado, tirei definitivamente aquela vadia da minha vida. Com a ajuda dos meus amigos, felizmente tive forças para superar o trauma, tocar minha vida e seguir minha trajetória de super-herói.

2 comentários:

Patricia disse...

Gente!!!!!!!! Quando eu acho que já está MUITO engraçado, você manda outra mais engraçada ainda em cima!!! A cabra foi a nata!!! hahahahahahahahahahahahahahaha...
Brilhante, Gu!!! BRILHANTE!!!

Ah, e o Duduzinho Pirata é o meu favorito, viu?! ;)hehehe....

(a palavra de hj não tem graça... Uó... Uó... Uó.... Mas tudo bem, pois o texto de hoje valeu ouro e MUITAS gargalhadas!!! - até com direito a lágrimas! hahahaha)

Unknown disse...

Que isso! Eu aqui td euforica aguardando o proxímo capitulo me fazendo de detetive pra desvendar o mistério. Quem seria a primeira paixão a primeira experiência sexual do Duduzinho?Óh! meu Deus...com oq me deparo!?
Com uma cabra!
huahuahuahua (Duduzinho pirata) Não se decepcione um dia que faltar capim ela volta ao aconchego do lar hehehehe.
Eu já vi uma mente brilhante
Mas encandecente eh a primeira ...
Eu não rio aqui, eu choro rsrsr