terça-feira, 18 de março de 2008

Capítulo 11: “Ossos” do Ofício

Está sendo fantástica a experiência de registrar minhas memórias neste blog. O contato com vocês me permite mostrar a realidade da vida de um super-herói. Todo mundo pensa que é só glamour, mulheres bonitas e outros mimos produzidos pelas estórias contadas no cinema ou nas revistinhas em quadrinhos. Nada disso, é pauleira, mano! Para desempenhar com denodo a missão de salvar a humanidade, um super-herói de verdade tem de estar preparado para os percalços e as mazelas que a função exige.

Certa vez passeava pelo mercadão de Santa Cruz quando o celular tocou. Era uma voz feminina, aveludada, sedutora. Imediatamente, meu instinto de animal predador se fez presente. Do outro lado da linha, a moça implorava: “Preciso de você! Estou só, desprotegida e em perigo!”. Disparei em direção à cabine telefônica mais próxima a fim de colocar minha roupa de Spider. Entrei na primeira que avistei, mas tive de mudar de planos. Clark Kent chegara primeiro e colocava seu disfarce de Super-Homem. Aliás, quando abri a porta, meu amigo Clark estava só de sapato, meia e cueca samba-canção. Lamentável. Refeito do susto, consegui encontrar um terreno baldio, onde pude efetuar minha transformação.

Com o endereço anotado em um pedaço de guardanapo (quando ela ligou, eu estava comendo um x-tudo que comprara no Lanche Chelento, famoso point no bairro), segui em direção à casa da angelical moça. Ela disse que eu poderia chamá-la de Gi (como Gisele Bündchen) e revelou ter conseguido meu telefone por intermédio de um amigo comum que tínhamos no orkut (estamos todos na comunidade “Faço Bolinha com a Meleca”).

Chegando ao local, um prédio de três andares no agradável bairro de Belfort Roxo, avistei a janela do apartamento de Gi (como Giovanna Antonelli). Para que eu não me confundisse, ela me avisou que deixaria seu quarto à meia luz, com uma cortina para fora da janela. Decidido, mirei minhas teias para o teto do apê e invadi de forma triunfal aquele ninho de amor. Ao entrar, não avistei ninguém no quarto, mas logo em seguida ouvi a doce voz de Gi, quase em tom de súplica: “Fique à vontade, Spai (ele me chamou de Spai)! Estou indo!”. Fazendo um rápido reconhecimento no local, avistei uma cômoda com uns perfumes em cima, um lençol pendurado no cabideiro e uma enorme e convidativa cama que parecia me aguardar. Resolvi ceder aos apelos do clima que se instalou no recinto e deitei, limitando-me a fixar os olhos para a porta do quarto e aguardando a entrada de Gi. De repente, uma sombra foi surgindo na parede lateral do cômodo. E a sombra crescia, crescia, até chegar quase ao teto. Foi neste instante que Gi se fez presente, e, olhando-me bem no fundo dos meus olhos, sussurrou: “Cheguei!”. Não sei se conseguirei descrever os sentimentos vividos por mim naquele instante. Eram aproximadamente 200 quilos distribuídos em uma área de quase dois metros de altura e outros dois de profundidade. Gi, que na realidade se chamava Givanilda, vestia uma camisola vermelha e foi se aproximando até o cabideiro. Foi aí que percebi que o que estava pendurado no móvel não era um lençol, e sim um roupão. Inevitavelmente, me recordei da minha infância, quando uma vez quase foi atacado por uma vaca que se perdera da manada.

Voltando à realidade, tentei argumentar com Mimosa, quer dizer Givanilda, que aquilo tudo era um grande engano, que não estava acontecendo, mas foi em vão. Tomada de uma volúpia incontrolável, aquela criatura se jogou (eu disse se jogou) na minha direção. Utilizando uma técnica que aprendi com meu parceiro The Flash, saí literalmente como um raio da cama, que, insuficiente para suportar a carga que se aproximava (tal como o Titanic e o iceberg), cedeu, assim como o chão do quarto. Givanilda e sua cama foram parar no andar de baixo, caindo justamente em cima de um casal de velhinhos que ficaram “soterrados” sob os rebocos do teto, o que sobrou da cama e a possante Gi.

O estrondo provocado pelo acidente foi tanto, que os demais moradores deixaram desesperadamente o prédio. Aos gritos, as pessoas diziam que se tratava de um novo ataque da Al-Qaeda (os mais religiosos afirmavam ser o fim do mundo mesmo). Olhando pela cratera que se formou no quarto, só consegui ver Givanilda, de bruços, sobre o que sobrou da pobre cama e dos desafortunados velhinhos. Fazendo valer minha condição de super-herói, tive de entrar em ação. Minha primeira idéia para salvar o casal de idosos era implodir a gordona, mas até encontrar quantidade suficiente de dinamite para o serviço, morreriam sufocados. A defesa civil também estava descartada, porque demoraria a chegar. Então, não havia outro jeito, tive de entrar em ação. Com toda a minha força, segurei Gi pela parte traseira (não posso chamar aquilo de bumbum) e puxei, jogando o bruto para o lado. Nada tirará da minha lembrança os semblantes de alívio demonstrados por seu Agripino e dona Genoveva ao se sentirem livres. Felizmente, sem o peso daquele globo terrestre em cima, os velhinhos (com algumas seqüelas de caráter emocional) conseguiram sobreviver...e eu também.

3 comentários:

Patricia disse...

hahahaha.... Quando eu li "Gi (como Gisele Bündchen)" ou "Gi (como Giovanna Antonelli)", eu SABIA que lá vinha baranga.... Mas é claro que mesmo com a minha previsão sendo correta, você consegue adicionar outros detálhes que fazem tudo virar mágica!!!!
Givanilda é ótimo!! hahahahaha....
Nóssa Gu... Você é fera!

Unknown disse...

Agora sim vou critica.Porém pra seu espanto eh construtiva rsrsrs hein! E não eh puxaçao de saco não muito menos enche bola nem precisa ta cheinha. Ta tudo muito bom.Mas realmente eu tenho que te informar que vc Edu vai além do além...
Eu costumo ler de baixo pra cima eh pra ter noçao vc deve entender .Mas daqui não tem graça seguir essa regra , então vou assim devagarinho pra pega o clima e olha que clima hein!
Essa foi massa .
bju

Aurea disse...

Uáu! Mais um capitulo incrível e original!!!! Gu, vc é demais!!! Continue assim pq vc vai longe!!! Não quer colocar essas aventuras em livro não? Seria o máximo!!! Volto amanhã para o próximo capítulo!!!