segunda-feira, 3 de março de 2008

Capítulo 1: O Início da Lenda

Tudo começou no verão de 38, quando alguma coisa aconteceu em algum lugar. Muitos anos depois, nasci numa manjedoura (opa, esse foi Cristo), quer dizer numa tenda indígena em Quixeramobim City, cidade onde passei boa parte da minha infância fazendo malabarismos nos sinais (ou semáforos). Como não tinha dinheiro para comprar as bolinhas, eu usava o que dava: laranja, ovo, pedra, sapato velho, o que pintasse.

Na realidade, foi nesta fase que percebi ser diferente dos demais. Bastava apertar uma das minhas mãos com o dedo médio que saía um troço estranho de um buraquinho no pulso (só mais tarde descobri que eram teias). Isso me ajudava muito como malabarista, e acabei ganhando um troco distraindo quem parava nos cruzamentos. Rica na produção de piolhos, Quixeramobim crescia no cenário nacional e internacional, e já contava com 13 carros, 52 bicicletas, 28 “burros-sem-rabo” e 33 carrinhos-de-mão. Também me divertia disparando a teia e levantando as saias das garotas. Parei com isso quando descobri, após uma das minhas brincadeiras, que a cidade tinha um travesti.

Bom, voltemos ao que interessa. Um belo dia, meu pai recebeu uma proposta irrecusável de emprego e resolveu se mudar com quase toda a família para Quissamanduca Town (deixamos minha tia Lupércia, que pesava 289 kg), onde assumiria a função de sub-assistente auxiliar de torneiro mecânico, profissão muito promissora na época (teve um que virou até presidente da República).

Foi justamente em Quissa (forma carinhosa como eu me refiro à cidade) onde conheci Pedro, que mais tarde seria Peter, o Parker. Como disse na minha apresentação (“Aviso à Humanidade”), ele era filho da prima do cunhado da tia de uma amiga da vizinha da minha avó. Rapidamente nos tornamos amigos e decidi lhe dar uma chance na minha equipe de malabaristas. Ao todo, éramos seis (alguém se inspirou nisso, mexeu no enredo e criou um romance): eu, Pedro, Paulinho Pinga Pura (o apelido era por causa de um terrível vício que a mãe dele tinha), Juvenil (era pra ser Juvenal, mas o escrivão errou ao registrar o nome), Duduzinho Pirata (ele não enxergava com o olho direito) e Cipó (vamos deixar pra lá a origem do apelido).

Disparado, eu era o melhor do time, e por isso ganhava mais dinheiro que os outros. Após três meses já tinha grana pra comprar uma caixa de fósforos, o que causava certo ciúme em meus colegas. A amizade, porém, era mais forte, e seguimos unidos, trabalhando e nos divertindo muito.

3 comentários:

Patricia disse...

Ái... Gostinho de quero mais!!!!
Tá ficando ótimo!!!!!!!
Duduzinho Pirata, é? hehehehe... Clássico!
Beijocas mil!

Eduardo Lamas Neiva disse...

Ô Spider, acho que um sapato véio dêssis que tú brinca nos sinár tá te fazendo már. Dévi ter batido na caçuleta (ou seria caçarola?). Tu dissi qui a expricassão prum tróçu lá que já mi esquici tava em cima. Tava naum véio. Tavu embaixo... Perdeu nossão?
Abrassos,
Peter, o Parker.
Ps (ou seria PL?): Disconfio qui o cara de Serra Leoa seja o Cipó disfarçado.

Aurea disse...

Gu!!! Estou amando!!!! Breve volto aqui para ler mais!!! Cara!!! Vc TEM que escrever um livro!!!!! Bjs