Eu tinha oito anos quando comecei a usar meus poderes para salvar as pessoas. Até então, me limitava a utilizá-los somente em meus números de malabares. Então, numa tarde ensolarada, iniciei minha trajetória como destemido super-herói.
Como fazia sempre depois de trabalhar nos sinais, brincava de “arremesso de três pontos” com meus amigos. Era muito divertido. Esperávamos seu Murrinha (um senhor que diariamente puxava um ronco sentado em frente ao boteco do Edgar Barrão) tirar sua pestana vespertina e nos posicionávamos a uns cinco metros de distância. O coroa tinha um problema no nariz e dormia com a caçapa, quer dizer, boca aberta para respirar. Fazíamos várias bolinhas com os miolos dos pães que o Juvenil trazia (seu pai trabalhava na única padaria de Quissamanduca) e, após animada adedanha para saber quem seria o primeiro, começávamos a sessão de arremessos. Como o velhinho não tinha dentes, não era tão difícil acertar o alvo, e rapidamente algum de nós conseguia o objetivo. A contagem era simples: três pontos pela “cesta” e mais dois de bonificação caso seu Murrinha soltasse um pum. É que quando a bolinha entrava, as pernas dele subiam (e ele junto) e, algumas vezes, escapava um traque no susto. Claro que a brincadeira acabava quando alguém acertava, pois o velho saía correndo atrás da gente. Mas no dia seguinte, mais uma emocionante partida.
Bem, voltando ao que interessa. Estávamos nos preparando pra iniciar a disputa do dia, quando escutamos um barulho terrível. Logo em seguida, algumas pessoas vieram gritando: “A casa da dona Calibrina explodiu! A casa da dona Calibrina explodiu! Paulinho se desesperou e, aos pratos, chamava pela mãe. Chegamos no local e vimos que o telhado da casa tinha um rombo que passava um ônibus. Procuramos em todos os cômodos e dona Calibrina tinha sumido. Nós nos dividimos em turnos e iniciamos a busca pela mãe do nosso amigo. Depois de três dias de intensa procura, encontramos a velha em cima de uma árvore, a mais ou menos uns dois quilômetros da sua casa (ela foi acender um cigarrinho e, como tinha “enxugado’ duas garrafas de Praianinha, o contato do fogo com o hálito de álcool fez com que fosse literalmente para os ares). Dona Calibrina, no entanto, estava viva (a bicha parecia até o Highlander), mas seu resgate era muito difícil (a árvore era alta pra cacete e a velha ainda estava espetava em alguns galhos). Depois de várias tentativas jogando pedras pra ela cair, Pedro e Duduzinho Pirata resolveram buscar uma escada emprestada com Xin-Cu-Pow, o chinês maluco dono da pastelaria. Foi aí que resolvi testar meus poderes: mirei os pulsos das minhas mãos na direção de Calibrina e disparei as teias. Com a velha sob controle, eu a tirei do alto da árvore e a coloquei no chão. Como ela ainda estava de porre, nem se ligou em como foi parar ali. Assim, pude manter meu segredo, além de de me sentir muito orgulhoso com minha primeira missão cumprida.
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3 comentários:
Ái, Gu... Tá cada vez ficando melhor!!!!! Muito, muito, muito bom meeesmo!!!
Quero mais! :)
(a palavra foi: rvkid!)
Nossa então foi através de dona calibrnha que o spider conseguiu descobrir seu poderes!?
Dona Calibrinha deve ter se sentido orgulhosa por ter sido salva por um super herói.
Caraca isso aqui ta muito bom.
Gu!!!! Tenho entrado agora todo dia para ver o próximo capitulo! Está o máximo!!!! Estou amando!!!!
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