quinta-feira, 12 de junho de 2008

Capítulo 17: O Perigo Ronda a Internet

Este dia 12 de junho é dedicado aos namorados. Em homenagem à data tão especial, resolvi revelar a vocês, meus adoradores queridos, uma de minhas aventuras mais perigosas em minha mítica missão na Terra. POR FAVOR, TIREM AS CRIANÇAS DA FRENTE DO COMPUTADOR!
Firme em meus propósitos de seguir solitário a jornada quase messiânica de salvar a humanidade, eu sentia, no entanto, uma necessidade de ter uma companhia feminina; nem que fosse para algumas partidas de porrinha (em alguns locais também conhecido como palitinho). Numa agradável noite de inverno (a queda da temperatura para 35 graus era convidativa a uma noite de loucuras com uma fêmea selvagem), encontrei os amigos no bar do Seu Senta para nossa tradicional roda semanal de Salto do Sputnik, uma mistura de Anthrax e coquetel Molotov que era disponibilizada com exclusividade no estabelecimento. O encontro era uma agradável disputa para ver quem seria o segundo a permanecer em pé após as diversas rodadas daquela combinação etílica. A briga era pelo vice, porque o caneco já tinha dono: Carlão da Mureta, ex-motorista da linha 666 (Santa Cruz-Boca do Inferno). O campeão, que ganhou o apelido por sempre dar uma porrada no muro quando deixava o ônibus na garagem da empresa (durante as viagens, ele mamava três pet de dois litros contendo um líquido amarelado não identificado. Quando foi demitido ao invadir com o coletivo o escritório do dono da companhia, as garrafinhas foram apreendidas pela polícia, mas o perito faleceu após abrir uma delas e ninguém mais se atreveu a sentir o cheiro do troço), sempre ainda está começando os trabalhos quando o segundo é retirado de maca do botequim.
Já estávamos na sexta rodada quando Zeca Fura Bolo (tinha o péssimo hábito de dar um cutucão na bunda de dona Raimunda, uma senhora afro-descendente que cozinhava para o bar e fazia a Mulher Melancia parecer a Mulher Azeitona) me contou que conheceu uma gata fantástica pela internet. Aquilo me intrigou e, ao mesmo tempo, reacendeu em mim a volúpia de macho viril, adormecida após o pé na bunda que recebi de Marcleide, minha ex-noiva. Zeca, então, me deu o endereço do site: http://www.vaiqueetuataffarel.com.br/.
Excitado com a possibilidade de encontrar um novo alguém, decidi encerrar minha participação na disputa (nesse dia, a segunda colocação ficou com padre Cícero que, doidão, comemorou a conquista ficando nu na porta do bar).
Parti feroz para a lan house do bairro, o Cyber Nética do Zé (sempre tinha umas promoções legais, como meia-hora grátis de acesso a uns sites de sacanagem). Me cadastrei com o nome de Spider Strong, dei minhas características e, menos de cinco minutos depois, recebi uma mensagem. A moça se identificava como Gata Solitária Sedenta. Aquilo, para mim, era um sinal dos céus me abrindo o caminho para uma jornada de luxúria. Começamos a trocar mensagens e, em pouco tempo, estávamos íntimos, apaixonados e excitadíssimos. Ela disse se chamar Rô e estaria me esperando no Pelancão de Ouro, a churrascaria mais popular de Santa Cruz (as especialidades da casa eram o ovo cozido na brasa e a picanha de Calango). Marquei o encontro e voltei resoluto para a pensão do Vasco com a intenção de dar uma reforçada no desodorante, aproveitando também para colocar minha roupa de Spider e trocar a cueca (eu estava com a mesma a quatro dias). Após umas três burrifadas de Avanço em cada axila (não acho suvaco uma palavra muito bonita) e já devidamente equipado com minha inconfundível vestimenta, incluindo a nova Zarbo (era uma imitação de Zorba que eu tinha comprado na feira; três pratas um pacote com cinco), segui para o local do encontro. Pontual, cheguei ao Pelancão na hora marcada: meia-noite.
Controlando a ansiedade, abri a porta da churrascaria e entrei. Havia muito pouca gente no local, somente quatro mesas ocupadas: um coroa dormindo com a cara no prato, uma família (a curtição das crianças era arremessar a cadeira de rodas, com o avô pilotando, de um lado pro outro do salão), um anão (quando eu entrei, ele estava subindo na cadeira e, por isso, só o vi depois de um tempo) e uma senhora de uns 80 anos que não parava de sorrir. Escolhi uma mesa no canto e fiquei aguardando a entrada da minha deusa. O tempo foi passando e nada da mulher chegar. A família foi embora, seguida do anão. Depois dois garçons acordaram o coroa, que partiu também (reparei que tinha duas batatas fritas coladas na testa). Só restamos eu a senhora sorridente. Quando eu já me preparava para ir embora, notei que a velha veio caminhando na minha direção. Olhei para trás para ver se eu estava sentado próximo à porta do banheiro feminino, mas a única coisa que tinha atrás era uma parede com um pôster do Campinense (glorioso time da Paraíba que o dono da churrascaria, torcedor fanático do novel clube, fazia questão de exibir). Então, aquela criatura parou em frente à minha mesa e sussurrou com uma voz de quem parecia estar morrendo: “Você é tímido, né, Strong?”. Fui tomado por um frio da cabeça aos pés, meu coração ficou acelerado e a boca secou. Ainda aturdido com aquela visão do inferno, acompanhei os movimentos da velha puxando a cadeira e sentando à minha frente. “Prazer, Romária! Você pode me chamar de Rô!”. Naquele momento, fiz uma reflexão profunda tentando lembrar o que eu tinha aprontado de perverso em minha infância. Alguma coisa muito feia eu tinha que ter feito para merecer aquilo.
Subitamente, me veio uma incontrolável vontade de chorar, mas, buscando uma força sobrenatural, resisti. Mas foi por pouco tempo. Vencendo minha resistência hercúlea, as lágrimas banharam meu rosto após a segunda intervenção daquela pessoa: “Você entra sempre no Vai Que É Tua Taffarel?”. Com a voz embargada, apelei àquela senhora: “Não faz isso não!”. Ainda com o sorriso no focinho (na realidade, a velha não estava rindo; era uma plástica tão esticada que fazia a boca da Elza Soares parecer com a da Angelina Jolie), aquilo chamou um garçom: “Qual o melhor conhaque da casa?”, pediu a velha. “Só tem o Salamandra”, respondeu o cara, que era igualzinho ao Luciano, aquele que fica na aba do Zezé di Camargo. Dona Romária olhou pra mim, piscou com o olho direito (por causa do botox o esquerdo foi junto) e ordenou ao garçom: “Então manda dois copos! Um pra mim e outro pro gato!” E ela ainda falou isso alto, pra todos os outros funcionários ouvirem. Foi nessa hora que me descontrolei. Dei-lhe uma porrada nos córneos, e a jaguatirica velha entrou por dentro da copa. Depois de ouvir o esporro de pratos caindo lá dentro, corri buscando a saída daquele lugar. Dois garçons se plantaram na minha frente tentando me impedir, mas nem imaginavam estar diante do verdadeiro e único Spider-Man: levei os dois com porta e tudo, e segui correndo até me perder pelas ruas escuras de Santa Cruz.
Dois dias depois, já refeito do susto, andava pelo calçadão de Madureira (fui aproveitar uma promoção de pilhas recicladas para poder acompanhar um jogo treino do Fogão contra um combinado de Engenheiro Pedreira) quando vi, pendurado em uma banca de jornal, a manchete do Meia-Hora: “ANCIÃ ENGOLE A DENTADURA APÓS SER ATACADA PELO HOMEM-ARANHA TARADO.

3 comentários:

Unknown disse...

Ah! Meus deuses oq eh isso ...Prefiro noa comentar.
Acho q esse seu retiro espirutual do blog por una tempos foi + pra vc vonatr com td e deixar tds aqui de boca aberta que nem seu sogro la que nao tirava o oho de vc kkkkk.
Ta cade vez + delicia de ler td isso,cada dia espero novas q sei sempre vou tr de deixar a geriatrica aqui pra prevencao Edu ... Aqui,ja to virando fa de carteirinha rsrs.
SHOW

Patricia disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHA....

Essa fechou com chave de ouro!! hahahaha....

Muito bom meeesmo!!!

Unknown disse...

hahahahahaha!!!!!! ainda não parei de rir do capítulo anterior...rs
Muito criativa a manchete do Jornal Meia-Hora.....será que a Rô não era uma das gatinhas do Jornal e o Spider 'estragou" seu visual???? rs
Viu, tarado!??? hahahahahahahah bjs