terça-feira, 10 de junho de 2008

Capítulo 15: O Triste Fim do Noivado com a Doce Marcleide

É complicado para um super-herói se apegar aos caprichos do coração. Normalmente, o resultado não é dos mais agradáveis. No meu caso, chegou a ser traumático, pois eu era completamente apaixonado por Marcleide, uma bela menina que conheci na Feira de São Cristóvão.
Linda, meiga, tímida e inteligente (por eu estar muito envolvido, talvez ela não fosse tão linda, tão meiga, tão tímida e tão inteligente assim), era uma moça prendada, que morava com os pais e passava boa parte de seu tempo cuidando do avô, este o pivô de nossa separação e responsável pelo término de uma relação que tinha tudo para ser eterna.
Namorávamos há meses quando Marcleide, impulsionada por sua inocência, me convidou a ir à sua casa conhecer sua família. Fiquei emocionado com o convite, e até tomei um banho para conhecer meus futuros sogros e avô. Ao chegar à humilde casa, que ficava apenas a alguns quilômetros da pensão do seu Vasco, fui recepcionado pelo terno sorriso de Marcleide e a companhia de seus simpáticos pais, seu Onofre e dona Jupira. Ao entrar, vi um cachorro magro e um senhor com um pijama de flanela sentado em uma poltrona antiga, bem no canto da sala. Era seu Juventino, o avô, que minha noiva tanto amava e queria levar junto quando nos casássemos. Imóvel, ele apenas fixava o olhar em mim. Marcleide já me alertara que seu vovô era surdo, mudo e não mexia um único membro (aquele, então, nem pensar). Assim, seu Juventino ficava lá, sentado, vendo o tempo passar (talvez imaginando que o velho fosse um móvel da casa, de vez em quando o cachorro dava umas mijadas nas pernas do coroa).
Sem a presença do velhinho, sentamos os quatro à mesa para o jantar; uma suculenta rabada com agrião e polenta. Após nos fartarmos, Marcleide tratou de alimentar seu avô, que continuava me sacando. Ele parecia até um boneco de cera. Marcleide enchia a colher com a iguaria, o velho abria a boa, mastigava a comida e engolia o bruto. Tudo isso sem tirar os olhos de mim. Eu seguia conversando com seu Onofre e dona Jupira, mas quando me virava pra trás, lá estava o velho me manjando. Aquilo começou a me incomodar um pouco e comentei com Marcleide, que disse para não me importar, pois o avô talvez estivesse me estranhando.
Quando eu já tinha me acostumado com o fato de estar sendo monitorado por uma múmia que abria a boca, senti no ar um cheiro horrível. Era impressionante a catinga, mas nem seu Onofre, nem dona Jupira pareciam se importar, muito menos Marcleide. Todos continuavam agindo normalmente, sem que nada estivesse acontecendo. Pensei que estava tendo uma alucinação olfativa (se é que isso existe), mas logo depois o cheiro ficou ainda pior. Virei para tentar me comunicar com minha noiva (eu não conseguia respirar e já estava perdendo os sentidos) e, mais uma vez, vi o velho me olhando, só que agora ele estava com um sorriso na boca entreaberta. Por um instante, achei que tivesse morrido e estava diante do capeta, mas voltei à consciência sem, no entanto, conseguir me expressar com Marcleide. Eu ouvia, ao longe, as vozes dos pais de minha noiva (parecia que eles estavam falando comigo), mas eu não conseguia entender nada. Meus movimentos foram ficando mais ralentados, e senti a nítida impressão que iria desmaiar. Em um último e desesperado movimento, joguei meu corpo para trás para pedir socorro à minha querida amada, porém o que vi me aterrorizou: Sempre com aquele sorriso no rosto, o velho foi tombando levemente para um dos lados e voltava a posição original, com o cachorro, magro que nem um faquir, saindo cambaleando pela sala com a boca aberta. Foi aí que ouvi a voz de Marcleide bem ao longe dizer: “Ah, amor, você não se importa com os gases do vovô, né?”. Foram as últimas palavras que ouvi antes de perder o sentido. Reanimado com um balde de água gelada na cara, me levantei que nem um touro enfurecido e, completamente descontrolado, parti pra cima do velho e comecei a esganá-lo. Só não matei aquele velho safado porque seu Onofre me acertou com um pedaço de pau. Acordei dois dias depois com um talho na cabeça e sem minha adorada Marcleide, que indignada com minha atitude destemperada, nunca mais quis saber de mim.

3 comentários:

Unknown disse...

Eu acho que vc Edu na hora que Deus disse agora éh a vez da distribuição de cerebros...Lá no fundão vc com sua super pontecia passou por 10 vezes na fila... só pode éh a unica justificativa pra td isso.
" Por um instante, achei que tivesse morrido e estava diante do capeta, mas voltei à consciência sem, no entanto, conseguir me expressar com Marcleide!
Assim eu não assisto mais comédia aqui ta baum de ++++

Unknown disse...

Fala Kara Palida!!!

Me responda com a sua habitual sinceridade...

De onde vc tira td isso???

Depois a galera tem um piripaque e a culpa é de quem?????

Nossa é claro!!!!
Show

Patricia disse...

HAHAHAHA....

Mas agora vai a pergunta:

De onde você tira esses nomes?????

hahaha... Perfeito... Perfeito!!!!