Nem só de momentos vitoriosos é ilustrada a história de um super-herói. Algumas vezes, a coragem desmedida e a vontade de salvar uma pessoa indefesa não são suficientes para o sucesso de uma missão. Como estou relatando momentos marcantes da minha história, chegou a hora de, com pesar, revelar-lhes um episódio lamentável, que marcou por longo tempo as vidas da população de Santa Cruz.
Em uma bela tarde de domingo, quando as ruas do bairro estavam repletas em função do estonteante sol que cobria toda a zona oeste carioca, estava eu solitário em meus aposentos na pensão do Vasco jogando par ou ímpar (treinava para uma eventualidade) quando Manuel Stalone, o segurança da rua, entrou na recepção aos berros: “Meu Deus, o Valdemar subiu! O Valdemar subiu!”. Sem ter idéia do que se passava, me preparei para descer correndo as escadas (na pressa de chegar, pisei em um carrinho de brinquedo que estava próximo ao primeiro degrau e saí rolando até onde estava a rapaziada) e me encontrei com o pessoal, que se assustou um pouco com o esporro de quando derrubei a mesa do porteiro (ele foi parar abraçado comigo no chão). Após ajudar Severino a encontrar os óculos (voaram longe após o impacto), fiquei sabendo do que se passava com Valdemar do Gás, um português que há muito tempo morava na área e, desde sua adolescência, sofria com uma infernal prisão de ventre. Sua amada esposa, dona Emengarda Quitéria, revelara que o marido vivia um verdadeiro inferno (o pobre não soltava um mísero punzinho havia mais de 15 anos). Então, o acúmulo de gases nas entranhas fez a barriga do patrício inchar tanto que ele decolou feito um balão de festa infantil.
O desespero tomou conta de todos, preocupados com o paradeiro de Valdemar. O prestimoso Stalone veio correndo avisar que o português, sagaz como ele só, conseguira se agarrar em uma parte da estátua de dom Juan González De La Pemba, colonizador peruano e primeiro habitante de Santa Cruz (o sobrenome do histórico personagem foi uma homenagem dos índios, que o rebatizaram após o verem nu pela primeira vez). Não há necessidade de revelar que, para evitar uma viagem indesejável a Júpter, Valdemar abraçou a genitália da réplica de dom Juan. O monumento (a estátua) ficava na praça, e uma verdadeira multidão acompanhava, apreensiva, o drama do imigrante luso. Ao imaginar a agonia daquele infeliz, subi rapidamente até meu quarto, vesti minha roupa de Spider e parti para o evento, quer dizer acontecimento. Ao chegar, fui recebido com aplausos pela população, que pedia para que eu salvasse o coitado.
Eu tinha de agir imediatamente, pois Valdemar, já sem forças, não conseguia mais manter aquela peça roliça entre as mãos, e gritava desesperadamente: “Ai, Jesus!. Comovido, imediatamente lancei minhas teias e parti feroz para o braço esquerdo da estátua. Minha ação teria de ser rápida e precisa, pois um movimento em falso faria Valdemar seguir rumo à Via Láctea. Joguei minha teia em direção ao chafariz do parquinho e, tal como o Tarzan, segui de encontro ao português. Consegui agarrá-lo e, com muita técnica, coloquei-o deitado no chão, de barriga para cima.
Antes que o povo chegasse para me aclamar, prendi o galego no banco da praça e saltei rumo à marquise do prédio mais próximo a fim de que eu pudesse me retirar do local em grande estilo. Porém foi aí, meus amigos, que se deu a tragédia, inesquecível para a população de Santa Cruz. Ao voar para a glória, eu nem imaginava o que o destino me reservara: o buraquinho que ejeta teias entupiu e eu despenquei de uma altura de doze andares. Meus olhos tiveram poucos instantes para observar que o impacto seria justamente contra a barriga gigante de Valdemar do Gás. O que ocorreu a seguir foi uma desgraça tamanha, que ainda me emociono até hoje. Ao me chocar com aquele tonel, uma explosão ecoou por toda a região (deu no Jornal Nacional que o barulho foi ouvido no norte de Goiás). Os gases acumulados durante anos na barriga do português escaparam naquele momento. Era gente correndo pra todos os lados. Homens, mulheres, crianças, velhos, todos procuravam, em vão, se proteger do peido atômico disparado pelo coitado (até Gumercindo Piquet, um pedinte que só andava por meio de uma cadeira de rodas, largou seu meio de transporte e partiu correndo rumo ao desconhecido).
Santa Cruz só voltou ao normal seis meses depois, quando começou a fazer efeito a composição química lançada pela força conjunta, formada pelos bravos bombeiros da Defesa Civil e os integrantes da SWAT, que interditaram a zona oeste do Rio até que a combinação de amônia/creolina/água sanitária/criptonita substituísse o futum desgraçado que tomou conta da Cidade Maravilhosa.
É importante ressaltar que aquela foi a última vez em que o Spider agiu no bairro, pois a população, ressentida com o episódio, queria linchar o glorioso herói que, vítima do destino, acabou sendo o responsável por toda aquela desgraça.
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2 comentários:
Edu!!!Ah!!!!!Se Paulo ver isso.To adorando ver suas imaginaçao que francamente não sei de onde vc tira .
To indo aos poucos vc eh mais rapido que Espider e olha ta dificil acompanhar.
Bju Bju
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
CARA, SÓ RINDO MUUUUUITO....
Que imaginação!!!!
Cada detalhe, eu me arrebento de rir aqui!!!
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